Numa sociedade essencialmente machista como a que vivemos, muitas obrigações são delegadas à mulher como o dever ser mãe, por exemplo. Apesar de muitas delas mal crescerem e desde logo desenvolverem o instinto maternal materializado nas brincadeiras infantis, no trato com os primos ou com o irmão mais novo, quando crescem, percebem que a imposição da sociedade ou seu próprio desejo foram traídos por relações inconsistentes, falhas no organismo, tanto da mulher quanto do homem. Em razão disso, o sonho de ser mãe acaba se tornando algo cada vez mais distante.
Essa distância vai aumentando com o decorrer do tempo, pois a fertilização não é tão mais eficaz em mulheres com mais idade, além disso, somam-se os gastos com possíveis fertilizações feitas em laboratório, que acabam não tendo sucesso e muitos outros fatores que implicam num total desespero e tristeza, tanto do casal que almeja ter uma criança em seus braços, quanto de toda a família que também espera o mesmo.
Como Nasce a Vontade de Adotar um Filho
Assim, quando já tentaram os mais diversos meios para conseguir a sonhada gravidez, muitas delas param no meio do caminho e desistem simplesmente, acham que a maternidade não é para elas e dedicam toda a sua vida a outras coisas, como um trabalho satisfatório, viagens. Porém, outras, em seu coração, guardam um amor infinito que é capaz de romper todas as barreiras e bem sabem que a maternidade não nasce no útero, mas antes de tudo, brota do fundo do coração.
.Elas percebem que há em nosso país milhares e milhares de crianças que estão precisando de um lar, de carinho de atenção, e especialmente de um pai e uma mãe zelosos e amorosos, e nessa hora tão feliz nasce o desejo de adotar.
O filho quando é adotado não é gerado fora, passa a ser amado a partir do momento que é escolhido dentre as inúmeras crianças do abrigo. E quem deseja ter um filho não o escolhe pela cor dos olhos, dos cabelos, por ser o melhor aluno na escola ou escolhe porque o amou desde o dia em que pousou seus olhos e suas expectativas naquele serzinho (ou serzão) que lhe diminuirá as horas de sono, o dinheiro do bolso, mas lhe multiplicará todas as alegrias e risadas e lhe trará, mesmo sem querer, um novo fôlego na vida.
Quais os Passos Legais que Devem ser Seguidos para a Adoção?
Para se adotar uma criança, primeiro o casal deve estar de comum acordo com a atitude a ser tomada, lembrando que um filho não é como um objeto que quando dá defeito, estraga ou dá trabalho, pode ser devolvido à loja ou mesmo jogado no lixo. Um filho é uma responsabilidade eterna, uma doação e uma troca de sentimentos que deve durar uma vida toda, por isso, a decisão deve ser muito bem pensada.
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Depois da decisão tomada, o casal deve seguir para uma Vara da Infância e Juventude da cidade onde mora, se for cidade pequena é no próprio Fórum local, caso seja uma cidade maior, na Vara da Infância. Ali, o casal responderá a um extenso questionário, o que de fato demonstrará suas reais intenções com a criança e ainda deverá passar por uma entrevista com o psicólogo que avaliará o perfil dos futuros pais e verá se têm condições psicológicas de adotarem a uma criança.
Então, quando tudo estiver confirmado, o casal fará parte de um Cadastro Nacional de Adoção, no qual são lançados todas crianças disponíveis para adoção em todo o Brasil, e caso os futuros pais queiram, podem se inscrever ainda em uma lista local, mas a última demora mais a ter crianças disponíveis.
Os Preconceitos da Adoção
O pai e mãe estão felizes e começam a fazer milhares de planos para aquela criança que encontram, e já veem nela um filho, um amor maior. Mas então, quando resolvem contar aos familiares e amigos que vão adotar uma criança, as dificuldades começam a surgir, especialmente em razão do preconceito e tabu que muitas pessoas ainda carregam.
Um filho adotivo não carrega a mesma herança genética dos pais, por isso, não terá seus traços e ainda assim, será criado numa família harmoniosa, feliz e amorosa, logo, terá todas as condições suficientes para se transformar em um ser humano sadio e feliz, correto?
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Para a maioria de nós sim, entretanto, outras pessoas (quase sempre os familiares) não apoiam a ideia por pensarem que a criança adotiva possa carregar genes ruins e posteriormente transformar-se em um marginal, ou algo semelhante.
O que temos que ter em mente que o determinante na vida de uma pessoa não é sua carga genética, mas sim o ambiente em que ela vive, a educação que ela recebe e principalmente o amor com que é tratada desde a primeira infância. Este sim é fator determinante na vida de alguém.
Outro preconceito bastante enraizado é o relacionado à cor de pele, evidente quando alguém adota um negro como filho, e tem a pele branca ou até vice-versa. Algo que não pode ser tolerável, já que grande parte de nossa população é de negros, mulatos ou pardos e pais não escolhem seus filhos pelo tom de pele, mas para serem apenas filhos, com todas as implicações que essa palavra traz ao sentimento do coração.
Quando Contar a Verdade Para a Criança
O fato de ser um filho adotivo pode ser visto como um fardo por muitas crianças, especialmente aquelas que souberam tardiamente dessa condição e ainda em situações bastante dramáticas. Para que isso não ocorra, o correto é que desde pequena a criança conviva com essa realidade, e por isso, os pais e os demais familiares devem saber levar a situação de maneira normal.
Para a criança deve ser contado, quando pequena, histórias que expliquem que ela, além de ser um filho, é um filho do coração, pois a vontade de que ele fizesse parte da família começou no coração do pai e da mãe. Assim, ela não se sentirá diferente por não ter sido gerada como as demais crianças, mas se sentirá especial, muito querida e desejada.